O primeiro fim-de-semana musical d’A Porta
Urso Bardo, KOYAANISQATSI e Somersault with T nos primeiros dias do festival leiriense
Começou no dia 16 a quarta edição do festival A Porta, que traz a Leiria dezenas de atividades culturais, desde concertos a exposições, workshops, performances, instalações e muito mais. No belo jardim da Vala Real, fomos recebidos, junto a dezenas de pessoas, pelos Urso Bardo. Em 2016 editaram o seu primeiro trabalho, homónimo, e foi isso que trouxeram para este primeiro dia de música.
No primeiro dia houve ainda um concerto dos The Parkinsons, que infelizmente, não conseguimos estar presentes por motivos técnicos. Vamos passar já para o segundo dia que nos deu a conhecer dois belos projetos. O bom tempo estava para ficar, o que nos perimitiu tirar umas quantas belas fotos à boa malta que saiu de casa para ouvir e conhecer o que de novo se faz por aqui.
KOYAANISQATSI remete ao termo do vocabulário HOPI que tem como significado: “A vida em desequilíbrio” ou “Um estado de existência que exige outro modo de viver”. Saídos de uma fase embrionária para o universo independente do meio musical, este projeto leiriense faz agora a sua primeira aparição pública no festival A Porta. Caracterizam-se por uma mescla de influencias musicais baseadas em linhas de guitarras que nos faz viajar por diversas sonoridades.
Neste dia vimos ainda Somersault with T, um projecto experimental de dois multi-instrumentistas criado em 2015 ao qual, em 2017, se juntou um actor dando voz a textos selecionados. Explora uma série de textos, músicas e arranjos instrumentais em diferentes atmosferas, melancólicas, hipnóticas, industriais. A cidade é um elemento omnipresente, através da manipulação de sons captados em ambiente urbano, integrados depois nas narrativas sonoras produzidas ao vivo, em concerto. Partindo de textos de autores portugueses e estrangeiros, este projecto junta em palco dois músicos e um actor, numa performance/concerto de spoken word. Não é rock mas nasce entre guitarras, baixo e bateria. Não vem do kraut mas inspira-se nos sintetizadores da música industrial, com laivos de electrónica e de um pop ferrugento. Entre o ruído e silêncio, há personagens que dançam sem sair do papel, intérpretes da narrativa, livros com voz, fumo na sala. Depois da estreia no Festival Literário Internacional de Óbidos, para o qual musicaram e interpretaram textos de Al Berto, a Fábrica do Braço de Prata acolhe a primeira residência deste projecto em Lisboa, todas as sextas-feiras de Abril (2018). Um espectáculo de Spoken Word que resulta na interpretação de textos, musicados ao vivo, através da construção de narrativas sonoras apresentando os dois músicos numa espécie de laboratório sonoro – a trocarem/partilharem vários instrumentos entre si [guitarras, baixo, sintetizadores, percussão e sample] – enquanto o actor faz uma leitura performativa dos textos. É apresentado como uma peça única, percorrendo diferentes cenários ambientais, metamorfoses melódicas e harmoniosas, ruidosas e maquinais, tendo sempre como linha condutora a obra selecionada.
Reportagem por: Idalécio Francisco e Miguel Nunes
Os concertos voltam já no próximo dia 20 com um concerto dos incríveis First Breath After Coma, no Villa Portela. Este será um concerto especial em que a banda convidou o Coro Juvenil de Alitém, a Escola de Dança Clara Leão e o Quinteto de Sopros para uma noite memorável com dezenas de pessoas em palco. Não se atrevam a faltar porque este concerto vai ficar para sempre na memória dos leirienses.